Raramente concordo com ele, mas desta vez vou aqui reproduzir alguns excertos do Editorial de António José Saraiva no Expresso:
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Por que razão se falará sempre de sexo às escondidas, em surdina, como se fosse um crime, em vez de ser objecto de conversas francas e de debates na sala de aula? Aparentemente esta argumentação é razoável. E, no entanto, não poderia estar mais afastada da realidade.
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Há actividades que fazemos à luz do dia e em público - como comer - e outras que gostamos de fazer com recato. Comer é uma actividade eminentemente social: toda a gente convida amigos para almoçar ou jantar; mas não é normal fazer-se sexo à frente de outras pessoas.
Quer isto dizer que nem tudo o que faz parte da vida pode ser objecto da mesma abordagem.
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Em tudo o que se diz e faz há gradações: há coisas de que falamos e que fazemos abertamente, outras menos, outras nada.
Nos anos 50, na Suécia, entusiasmados com as ideias colectivistas, os arquitectos projectaram casas-de-banho em que as sanitas se alinhavam à volta de uma sala e as pessoas faziam as necessidades à frente umas das outras. É claro que, ao fim de um tempo, verificou-se que a ideia era utópica - e arrepiou-se caminho.
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(com a minha obstipação crónica, havia de ser um espectáculo)
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