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10 de abril de 2006

Sindicatices

Os senhores do Sindicato de Professores da Região Centro descobriram uma coisa que os deixou indignados: existe uma grande diferença entre os vencimentos dos professores no início e no fim da carreira. E disso dão conta na sua revista de Março de 2006, onde publicam este quadrozinho para mostrar que o “leque” português é o maior da Europa, o que é mau.
Curiosamente, não dizem por que é que é mau, nem de que forma se evitaria esse mal. Isto é, não dizem que os professores no início da carreira deviam ganhar mais, ou que no fim da carreira deviam ganhar menos, ou as duas concomitantes, ou outra qualquer. Nada!
É claro que estes senhores estão permanentemente na oposição e o discurso da oposição conheço eu bem: “isto está mal... porque sim!”. Simples e confortável!
Mas, mesmo aceitando esta premissa como típica das oposições, era exigível que os dados fossem correctamente apresentados. E não o foram. Os salários do quadro são valores absolutos.
Ora, é sabido que quando se estabelecem comparações internacionais os valores devem ser relativos. Só assim se pode ter noção se, num determinado país, uma coisa é, ou não, cara, e se um salário é, ou não, alto. O normal, nestas matérias, é utilizarem-se valores ppp (paired purchase power), como os senhores do SPRC deviam saber.
Mas, mais estranho ainda, é referirem que recolheram os valores no Eurydice. É que o Eurydice disponibiliza estas comparações fornecendo os valores em percentagem do Produto Interno Bruto per capita! Basta ir a http://www.eurydice.org/Salaires/CompPays.asp
É caso para dizer que “foram a Roma e não viram o Papa”.
Ou será que foi de propósito?...

Bom, se tivessem seguido as regras, iriam obter um quadrozinho parecido com este, mais país, menos país, e teriam demonstrado a sua tese: o leque salarial mais elevado é o português!

Mas também teriam concluído que, no início da carreira, os professores portugueses ficam numa posição muito confortável (apenas atrás dos alemães e dos espanhóis, dos quais, como dizem, não encontraram dados).
Da comparação no fim da carreira, não falo.

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