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31 de outubro de 2007

O Fábio II

(versão da Antónia *)

O Fábio é um menino bom, sim, bom porque eu não acredito na teoria do “bom selvagem", de Rousseau, mas teve o azar de nascer no seio de uma família onde o pai, atentos os elementos do texto, se demitiu de participar na educação e acompanhamento escolar do filho e uma mãe que, talvez por ser filho único, foi incapaz de perceber que a protecção é muito mais do que o mero perdão e a educação não se compadece com irresponsabilidade.
Mas há que assacar culpas a outros intervenientes. À professora que, mais preocupada com os processos disciplinares e as inspecções do que em testar o seu profissionalismo, foi incapaz de inverter a situação. Afinal que temia ela? Não estaria, porventura, a fazer bem feito o trabalho que lhe competia? Se sim, o que receava? Avante.
O que temos depois? Um menino rebelde, apostado em se demarcar da turma e em fazer valer as suas regras. Uma vez mais, o sistema mostra-se impotente para resolver a situação. É mais fácil rotulá-lo com os NEE’s e fica, finalmente, o trabalho mais facilitado para todos. Permitam-me a expressão: que raio de professores tinha o Flávio que foram incapazes de, com exemplos concretos, explicar à mãe deste o que efectivamente se passava? Bem, avante.
Chegou a vez do processo disciplinar e, novamente, a mãe decide se o castigo aplicado pela escola é de aplicar ou não. Aceitar que o aluno exerça os seus direitos de defesa, na fase e prazos legalmente estabelecidos? Sou a primeira a preconizá-lo. Recorrer, para as instâncias competentes, do castigo aplicado se estou em desacordo? Felizmente que assim é, vivemos num estado de democrático e de direito. Agora, a mãe não concorda e ponto final. A escola saberá ou conhecerá, porventura, os mecanismos legais com que funciona e se organiza? Avante.
O Fábio optará pelo CEF? Claro. A comunidade educativa (mãe incluída), em determinado momento, não soube, não foi capaz de inverter um processo que , mais tarde ou mais cedo, o conduziria a esse beco sem saída.

Conclusão: temos um sistema educativo que premeia quem nada faz, alguns professores que, por inércia, incompetência ou facilítismo, são incapazes de se afirmarem ou de se imporem e acabam por pactuar com percursos como o do Fábio. Em suma, estamos pelas ruas da amargura.
Quem paga a factura? A sociedade que, cada vez mais, se defronta com o aumento da delinquência juvenil.
Se vir o Fábio mande-o cá que eu explico-lhe como se cresce.

*Nome absolutamente fictício e sem qualquer significado, claro está.

Nota do editor:
A Antónia tem alguma razão nas críticas que lança aos professores. Só não a tem toda porque não temperou a opinião com um condimento essencial: o Estado "dos direitos"! (já foi mais...)
É que, os professores, porque lhes está intrinsecamente outorgado um estatuto de autoridade, foram duramente castigados nestes trinta anos que levamos de aprendizagem da democracia!!!

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