(esta parte é real)
A Senhora Ministra veio dizer, rejubilando, que os resultados melhoraram imenso, tanto no 4.º ano como no 6.º e que a percentagem de alunos que ficaram nos dois escalões mais baixos é muito pequena. Ainda bem!
E nem me passa pela cabeça, como ao tonibler, criticar esta pergunta por ser demasiado fácil para testar conhecimentos de Matemática do 6.º ano. Nada disso. Fiquei mesmo satisfeito.
Fiquei tão satisfeito que fui ao sítio do GAVE para ver as provas e respectivos critérios de classificação.
Só que não estão lá. Aquilo que lá está com o nome de critérios de classificação são, afinal, critérios de correcção. Servem para categorizar as respostas que os alunos deram: se o aluno respondeu assim à pergunta tal, atribui-se-lhe o código X, se respondeu assado, terá o código Y, e por aí fora. Mais nada.
Fui ver a própria grelha de classificação e também lá não existem cotações. Isto é, depois de preencher a linha de cada aluno, fica-se sem saber quais as respectivas classificações. Este miúdo teve A, B, C, D ou E? Não se sabe!
Ora, tratando-se de um processo de avaliação do nosso Sistema Educativo, logo algo de muito importante, parece-me desejável que esse processo pudesse ser escrutinado pelos cidadãos interessados. Que fosse transparente; que fosse público; que se soubesse a cotação de cada questão, se fosse o caso, ou então, que se soubesse quais as questões relevantes para alcançar a classificação de E, de D, de C e por aí fora. Mas não. Não se sabe nada. Não foi publicitado.
Vai daí, perguntei a uns amigos que foram supervisores, e também a outros que foram classificadores das provas, e nenhum me soube dizer. Mais concretamente, não encontrei quem quer que fosse que me explicasse por que é que o miúdo Fulano teve A e o Sicrano teve B.
Ora digam-me lá se isto não é estranho?
Eu acho que isto é muito chato, até para os próprios alunos. Por que é que tiveste B? Não sei!
Bom, mas alguém deve saber. Não sei quem, mas alguém há-de saber!
Quem me ajuda?
(esta parte é ficcional)
Imagine-se que isto não se passava no nosso Portugal e, em vez disso, era num país sujeito a um governo autoritário, irritadiço, fustigado com manifestações de descontentamento de vários sectores profissionais: professores, pescadores, transportadores, agricultores e outros agitadores. Um governo com necessidade de apresentar boas notícias que animassem o povo. Uma situação, portanto, ao contrário da portuguesa.
Ora, se os critérios não fossem publicitados, podia-se começar por recolher as respostas de todos examinandos. Em seguida, viam-se quais as questões que tinham sido melhor respondidas e as que tinham péssimas respostas. Finalmente, atribuíam-se cotações elevadas às primeiras e muito baixas às segundas. Até podia não se contar uma ou outra em que tivesse ocorrido um descalabro. Está-se mesmo a ver que os resultados dos alunos seriam excelentes! E, como o processo era secreto, ninguém poderia levantar qualquer problema.
O objectivo seria plenamente atingido: a conferência de imprensa seria um êxito e o ego do povo sairia reforçado.
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