Zidane foi designado pela FIFA como o melhor jogador do Mundial de 2006 e logo correu por aí um coro de protestos. Uma absoluta injustiça, clama-se.
Pretenderia esta legião de descontentes que a FIFA tivesse olhado para o comportamento de Zidane, que o tivesse colocado nos pratos da balança a par da sua habilidade para jogar a bola, e que tivesse concluído que uma não podia apagar o outro.
Devo dizer que faço parte desta corja de protestantes. Também eu acho que a FIFA, nos seus critérios de avaliação, devia integrar valores como, por exemplo, a ética. E aí… ai, ai, Zidane…
O problema é que nós passamos a vida a fazer compartimentações. A separar as partes do todo. Sobretudo quando apreciamos “o homem”, raramente nos detemos numa perspectiva global, holística. Tendemos a apreciar só uma parte “do” homem. É por isso que é vulgar dizermos que um jogador é muito bom, embora abuse do “mergulho” ou dos pitons, e que um apresentador de TV é excelente, embora tenha certos hábitos que francamente…
Isto para já nem falar das vezes em que elegemos presidente um homem que, embora com obra feita, não é um modelo de honestidade, e que, por vezes, até tem processos pendentes na justiça.
E até damos um prémio Nobel a um homem que se distinguiu como terrorista!
Não nos queixemos, pois.
Afinal, a eleição era “só” para melhor jogador. Nem sequer era para melhor “desportista”.
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