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22 de julho de 2006

Polícias ou sindicalistas?

Sempre disse que esta coisa de sindicatos de polícias havia de dar para o torto.
Cá está!
Dois polícias foram aposentados compulsivamente na sequência de processos disciplinares que lhe foram instaurados por terem proferido declarações consideradas ofensivas para a hierarquia e o Governo. Que declarações?
Bom, um disse: "Se o anterior primeiro-ministro foi para Bruxelas, mais depressa este vai para o Quénia"
O outro assinou um comunicado onde perguntava se seria preciso “fechar as esquadras a cadeado, como fazem os estudantes deste país”, para que houvesse condições de segurança na PSP e acusou, verbalmente, o director nacional da PSP de “ter perdido a vergonha” e de não interessar “nem para mandar nos escuteiros", e ainda disse que "as nossas propostas têm sido rejeitadas por políticos iluminados que a legam a inconstitucionalidade do uso de lagartas, preferindo-se arriscar a vida dos agentes policiais em nome de valores menores protegidos por alguma cobardia política".

Admito que as declarações dos polícias sejam ofensivas.
Mas há um problema: eles proferiram-nas enquanto agentes da autoridade ou enquanto sindicalistas? Em que situações é que se poderão considerar a coberto do Estatuto Disciplinar? Onde está a fronteira? Não é fácil, pois não?
E há outra questão. Este problema pode pôr-se com sindicalistas de outros sectores da Administração Pública. Veja-se o caso dos sindicatos da Educação. Como irá ser com os sindicatos de professores? Quantas vezes já ouvimos dirigentes sindicais de professores proferir verdadeiras obscenidades relativamente aos titulares do poder político? Poderão vir a ser igualmente sujeitos a processos disciplinares e aposentados?

Eu até sou dos que não encontra na acção dos sindicatos portugueses qualquer vantagem para os trabalhadores (que não para os próprios sindicalistas). Mas mesmo assim…

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