Em entrevista a José Saramago, pergunta José Rodrigues dos Santos:
Falemos sobre «Caím» é um livro que suscitou polémica ainda antes de ser publicado… eu devo dizer que o li… devo ter sido das primeiras pessoas a lê-lo, e confesso que depois de o ler acho que não teria havido polémica, se as pessoas o tivessem lido primeiro, no entanto há aqui algumas coisas que merecem algumas questões; Este livro chama a Deus na página 82 «Filho da puta», estou a usar a sua expressão, na pág. 85 «Rancoroso», «Cruel» na pág. 86, «Invejoso» na 90, «Maldoso» na 106 e 116, e «Louco» na 136, não acha que se excedeu um pouco? É verdade que estas situações estão retiradas fora do contexto, mas mesmo no contexto não acha que pode usar um pouco o gratuito?
E responde Saramago:
Gratuito? Não… bem tirando o «filho da puta», que realmente poderia não o ter escrito, é que nem sequer pode ser filho da puta … Deus não tem Mãe nem tem Pai, não tem nada disso, bem aí talvez… reconheco que posso ter-me excedido. Agora no resto? Rancoroso? Francamente! Implacavél? Cruel? É em cada página (…)
Isto pode ser visto e ouvido no vídeo que linko abaixo. Não é preciso ouvir tudo. Basta colocar o cursor nos 19 minutos.
Pronto! É a opinião do homem Saramago. Para mim, que sou católico, o homem Saramago é um louco, um maldoso e um perturbado, ao mesmo tempo que o escritor Saramago é um artista genial. Digo eu, que "devorei" quase todos os seus livros. Pena que o homem e o escritor sejam duas diferentes e distantes entidades. Ponto final.
O que me espanta, é ver, por este país fora, um punhado de católicos - daqueles de militar nas obras e movimentos da Igreja, sempre a bater com a mão no peito - indignar-se com a ausência do presidente Cavaco Silva nas exéquias. Bem sei que estamos num período de estertor em que tudo se aproveita. Mas, caramba, há coisas que só à estalada.
(agora que pequei, vou a correr confessar-me)
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