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5 de abril de 2005

Exames do 9º ano

De acordo com o Correio da Manhã, o primeiro-ministro, José Sócrates, transmitiu aos alunos da EB23 Matilde Rosa Araújo “um voto de confiança”, apelando ao “empenho no processo dos exames do 9.º ano, que são muito importantes, não só para avaliar os alunos mas também para avaliar o próprio sistema”.
Quase em simultâneo, a ministra da educação deixou a porta aberta à eliminação dos exames nacionais do 9.º ano, que se realizam pela primeira vez em Junho às disciplinas de Português e Matemática.
Isto é que é sintonia! Qual desmentido! Qual desautorização! Isso era dantes.
(bom, vamos deixar isso de lado para ir ao importante)
Importante é a hipótese destes tipos acabarem com os exames.
Ora, destes anos em que tem havido exames (do 12º ano), resulta a conclusão que eles são um instrumento indispensável para a melhoria do nosso sistema educativo, que é como quem diz, para o aumento da qualidade e da quantidade das aprendizagens dos alunos. Basta repara que o 12º ano é aquele que regista maior taxa de cumprimento dos programas e menor abstencionismo docente.
Importa, também, compreender que os exames não "reprovam" quase nenhum aluno. Sim, é verdade. Mesmo no 12º ano, muito poucos alunos reprovam "por causa" dos exames (não confundir com o problema das notas de acesso ao superior que, erradamente, incorporam uma componente obtida nos exames finais do ensino secundário). No Básico, com um peso de 30% e com aquele sistemas de cinco níveis, não há hipótese de qualquer aluno reprovar "por causa" do exame. Há, isso sim, a hipótese dele passar "por causa" do exame.
Quem é, de facto, avaliado nos exames são as escolas e os professores. Esses é que podem "reprovar" nos exames. Já agora acontecem "chumbos" desses, os quais têm levado as escolas a reflectir e a adoptar procedimentos tendentes a melhorar os seus resultados (dos seus alunos).
Óbviamente, não é à toa que os maiores protestos contra os exames tenham vindo dos sindicatos e das associações de professores.

Senhor Primeiro-Ministro,
Não se deixe corromper por esses discursos disfarçados das "ciências" da educação. Vá em frente. Generalize os exames nacionais a todos os anos terminais de ciclo. Faça e isso e veja como os alunos aprenderão mais, reprovarão menos, abandonarão menos e veja, também, como os professores passarão a faltar menos.

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