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24 de setembro de 2012

Professores: escolher os melhores


Seguindo um link, vim a dar com o blogue de um colega diretor de um agrupamento de escolas, neste caso o Agrupamento de Darque, em Viana do Castelo. Diz ele, resumidamente, que as escolas não devem selecionar os seus professores. E não o devem porque, ao fazê-lo, estão a criar injustiças, uma vez que os critérios normalmente utilizados não permitem que os candidatos disputem os lugares em igualdade de condições. Mais propriamente, o colega insurge-se contra os conceitos de “recondução” e de “renovação” de professores contratados.

Achei bizarra esta posição, sobretudo por vir de alguém que tem a responsabilidade pelo bom funcionamento da sua escola, para mais, no caso em apreço, um TEIP, onde a margem de autonomia para contratações de escola é substancialmente maior do que numa outra escola.

Intrigado, fui ver quais os critérios que este colega adota para seleção de professores e verifiquei que reduz a sua fatia de autonomia - 50% do peso total - à graduação profissional dos candidatos, à qual adiciona 1 ponto relativo à ADD, que pressupõe ter sido, para todos, de Bom ou superior. Desta forma, nos 50% do peso que é da competência da escola, acaba por repetir o critério utilizado nos 50% determinados pelo MEC.

Como já referi, considero esta opção uma completa bizarria. O colega comporta-se como se lhe fosse indiferente ter um professor ou outro; como se os professores fossem todos iguais e capazes de igual prestação; no fundo, quase como quem compra melões: só se sabe são abóboras depois de os abrir e provar...

Defendo exatamente o contrário.

Se um professor teve um bom desempenho – fator de observação absolutamente objetivo -, se vestiu a camisola, se a suou… por que não propor-lhe a recondução? E, se a recondução não for possível, por que não ajustar critérios que potenciem a probabilidade de voltar a ficar na escola? A dedicação e os bons resultados não contam para nada? Discordo.

Dir-se-á que os candidatos ficam em condições desiguais. E ficam mesmo! E intencionalmente. É que “este”  já cá trabalhou e com boa performance e os outros só aparecem agora, e só aparecem por não terem lugar na escola onde realmente queriam trabalhar!

Há ainda um outro fator que me leva a discordar profundamente do pensamento do colega de Darque. A falta de justiça do critério que utiliza – a graduação profissional.

De facto, como bem se sabe, os professores contratados são, por norma, jovens em que o maior peso na graduação profissional reside na classificação académica. Ora, classificações académicas há muitas e muito variáveis com a Universidade onde se graduaram. Dificilmente se pode fazer equivaler um 13 no IST a um 13 no Politécnico de ….

Ou seja, o critério da graduação profissional é tão injusto como qualquer outro.

14 comentários:

Isabel disse...

Como te atreves? Olha para mim e diz-me que durante toda carreira não “ suei a camisola”! Fiz das “tripas coração” para deixar a escola e a direção sempre vistas, para deixar os alunos sempre bem preparados. Coloquei sempre de lado a família e ajustei a minha vida privada às necessidades da escola, não o contrário.
E afinal? De que me serviu?
Se eu enumerasse aqui as situações em que vi prejudicada a minha vida pessoal em prol da escola não chegavam 3 caixas de comentários e ias sentir-te envergonhado…
Por isso não me venhas com paternalismos balofos porque nada do que dizes é de “fiar”! Há uma linha que separa a competência do “servilismo”….e eu obedecer-te-ei enquanto profissional mas nunca te prestarei “vassalagem”!!!
Sujeitar-me-ei enquanto cumprir regras inerentes às minhas funções mas nunca te serei submissa. Se tiver de te criticar …assim farei, não me esperes jamais submissa.
Portanto…deixa ver se entendi…enquanto um professor “suar a camisola, tiver uma boa performance” e te for servil…está “garantido!”…É que eu fui tudo isso…só não fui foi “servil” a determinada altura do meu percurso!
Por isso é que a “Autonomia das escolas” é algo que, quanto a mim, deixa “muito a desejar”!

Isabel

Visto da Provìncia disse...

No meu blogue terei dito, “que as escolas não devem selecionar os seus professores.” E cita (mal) dizendo que terei dito “não o devem porque, ao fazê-lo, estão a criar injustiças” E que mais propriamente, o colega (eu) me insurjo “contra os conceitos de “recondução” e de “renovação” Errado. O “colega”, eu (tenho nome) não diz isso: diz que a selecção deve ser criteriosa. E o que no seu comentário chama “critérios normalmente utilizados” (que do texto verá que se são “normalmente utilizados” são “anormalmente concebidos”) são coisas abstrusas e que a Provedoria de Justiça já disse que são completamente ilegais. http://www.spgl.pt/cache/bin/XPQ3jTwXX11661eV28FetSMaZKU.pdf
Depois de ver os meus critérios continua,“considero esta opção uma completa bizarria.”Mas diga porquê? COM ARGUMENTOS e não com “achismo”. Expliquei no blog (em textos que me parece não leu) os meus. Veja por exemplo a carta aberta ao ministro…. Ousada e abusivamente, conclui que “O colega (eu, que perdi mesmo o direito ao nome) comporta-se como se lhe fosse indiferente ter um professor ou outro; (…) no fundo, quase como quem compra melões: só se sabe são abóboras depois de os abrir e provar..”. Esta frase sim, é uma bizarria. A abóbora é o novo padrão de qualidade de selecção (E até de abóboras percebe pouco)… . A sério: quem me conhece sabe que não sou como certos arautos da excelência e da elite, de muitas falas e pouca energia. Sou prático e não vou em tretas….E depois o colega Agnelo declara pomposamente: “Defendo exatamente o contrário.” Não explica realmente é porquê, para lá da superficialidade do que lhe parece bem. E porquê? E como? Continua: “Se um professor teve um bom desempenho – fator de observação absolutamente objetivo -,” (frase risível, esta; provavelmente, por exemplo, acha “objectivamente” que teve um bom desempenho no seu comentário…. E eu “objectivamente” acho que não….) E segue: “se vestiu a camisola, se a suou… “ (a minha anatomia faz com que sue pouco, as camisolas destaquem a barriga e o suor é muito sobrevalorizado para medir esforço) por que não propor-lhe a recondução? E, se a recondução não for possível, por que não ajustar critérios? (ai o ajustamento, que entrou no senso comum da asneira - leia a “bizarra” provedoria e estude antes de falar) que potenciem a probabilidade de voltar a ficar na escola? (…) Discordo, conclui (numa posição de autoridade, palpitante).E termina gongoricamente: “Dir-se-á que os candidatos ficam em condições desiguais. E ficam mesmo! E intencionalmente. É que “este” já cá trabalhou e com boa performance e os outros só aparecem agora, (…) (isto nem merece comentários tão longe está da realidade e tão próximo de uma história da carochinha para embalar meninos ou anhos para o sacrifício). E conclui com a pérola final: A falta de justiça do critério que utiliza – a graduação profissional.” Nos vários links do meu blog explico e poupo mais argumentos. Diz-nos o comentador: “os professores contratados são, por norma, jovens em que o maior peso na graduação profissional reside na classificação académica. Ora, classificações académicas há muitas e muito variáveis com a Universidade onde se graduaram.” Bem, sobre estes argumentos das classificações, normalmente egóticos para quem escreve, respondo, em pouco tempo, que excelência académica sei o que é (Secundário, 20, classificação profissional, 16,5). Portanto como não está a falar com alguém sequer “de” 13, e estudei na Univ. do Porto, o argumento nem me toca, nem me comove. A graduação é um compromisso razoável e não uma solução perfeita. È só a mais perfeita das imperfeitas…. E prefiro confiar numa formula matemática (e no ensino superior) que no seu instinto ou opinião ….. “Ou seja, o critério da graduação profissional é tão injusto como qualquer outro.” Talvez. Mas é legal e procura a justiça comparativa (e mais ainda, é percepcionado como justo)…. E evita a arbitrariedade da escolha (escolher não é ser arbitrário, é usar a razão numa linha de autonomia da vontade como diria Kant).

Isabel disse...

Luís Braga...se eu tivesse chapéu...tirava-lho...mas não tenho, porém, deixo-lhe aqui os meus parabéns.
Até que enfim...até que enfim....

Isabel

Agnelo Figueiredo disse...

O colega Luís Braga, cujo nome não aventei pela simples razão de que, o que está em causa não é a pessoa, achou por bem tergiversar refugiando-se na superioridade do seu 20 + 16,5.
Refugiou-se na vertente pessoal, coisa que, nem de longe, aqui esteve em discussão.

Efetivamente, o que critiquei, e fundamentadamente, foi o facto e termos um diretor de escola que "tanto lhe faz". Que quer lá saber se os professores que contrata respondem às necessidades.

E isto é um drama. E é, sobretudo, por se tratar de uma escola com mais ampla autonomia.

Mas quem sou eu à beira da sumidade do Colega Luís Braga? Eu só tenho 15,5 de CP, só tenho 34 anos de serviço e só tenho 21 anos de direção.
(embora ache que no esquema de graduação do Luís Braga eu não ficaria muito mal classificado...)

Visto da Provìncia disse...

Pois.... a ironia ´e que a sua resposta prova o que contesta.... se eu escolhesse pelos seus critérios quem sabe se o escolhia a si... porque pelo que ouço, de alguns comentários desde que fez o seu, os seus 21 anos de continuidade renovada deixam alguma coisa no ar que faz discutir a "renovação na continuidade" como conceito. Mas escolhido pelos seus criterios teria de aceitar que os meus 5 anos possam valer tanto como os seus 21... Mas constato a graça de que contestado logo vai ter `a base lógica da graduação...para me responder. Mas, como costumo dizer o seu critério eh muito português: fica quem estava, porque se selecciona quem já estava, sem pensar no mundo vasto de alternativas, em nome da estabilidade, essa outra vaca sagrada. O seu comentário sobre as minhas notas mostra mesmo que não percebeu nada.... (afinal o problema não era o 13 do IST e esqueceu-se de acrescentar `a minha sumidade a infusão de sabedoria ter sido obtida na Universidade do Porto, lacuna grave da sua resposta). E espero sinceramente que não seja professor de português.... porque acho que fui claro. E ao contrario do que julga a minha posição encerra grande humildade: não me acho (mesmo com o 20...) capaz de escolher os melhores com base no meu palpite momentâneo sobre o seu desempenho num ano.... prefiro métodos mais racionais.... Sobre o seu "critiquei fundamentadamente", veja bem....
E finalmente sobre os meus míseros 5 anos de direcção que me desautorizam perante a sumidade dos seus 34 anos de serviço e 21 de direcção (bem longe diga-se do meu conterrâneo Alberto João... quem sabe modelo a imitar)... sugiro só a leitura de como começaram http://www.jn.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=689720
Podia também falar-lhe de uma teoria sobre o limite máximo `a acumulação de anos para graduação (tipo curva de laffer para a experiência) mas vou poupa-lo a conceitos que afectem a simplicidade da sua "autonomia" definida `as 3 pancadas.... e da pobreza antropológica das "escolha dos melhores".
Passe bem e tenha calma... olhe que a idade não perdoa (eu que o diga que entrei agora nos 40)...

Agnelo Figueiredo disse...

Rapaz novo, portanto.
É uma explicação para tal fervor, é sim senhor...
Passe bem.

mocho disse...

CLAP clap clap Parabéns caro Director Luís Braga.
A falta de resposta diz tudo.

Eu defendo como principio que as escolas possam escolher os seus professores. Mas para que tal aconteça é necessário que estejam criadas condições que não existem, nomeadamente a nível da capacidade dos directores em distinguir trabalho de servilismo. Muitos directores são simples servos do poder, nacional ou local, qualquer que ele seja. E esses serão sempre incapazes de distinguir os profissionais de forma correcta. Directores que pensam que educar é preparar para exames nunca serão capazes de escolher professores. Directores que manipulam turmas e horários para evitar que certos professores venham parar à escola nunca serão directores com capacidade para escolher os professores adequados. E assim sendo e considerando a realidade de muitas escolas tenho de concordar com o director Luís Braga. Pelo menos por enquanto só a lista graduada pode ser elemento a considerar. Assim evitam-se as vergonhosas colocações de professores no lugar 400 deixando de lado 399.
Como em tudo existem bons e maus professores mas também existem bons e péssimos directores.
E enquanto a direcção de algumas escolas for escolhida por questões essencialmente partidárias/políticas ... tá tudo dito...

Pedro disse...

Ora aqui está um bom assunto que deveria ser debatido no encontro das Caldas.
Contudo, para haver verdadeiro debate ter de haver respeito pela opinião alheia quando esta não vai de encontro com a defendida pelos organizadores do dito encontro.
Infelizmente, parece-me que aqueles que têm um pensamento diferente do defendido pelos organizadores do referido encontro têm sido acusados de desunir a classe docente, pelo que quase que são postos de lado, discriminados é até, algumas vezes, alvo de calúnias e impropérios.
É pena que o verdadeiro pluralismo de ideias não esteja a ser incentivado para a realização do dito encontro, preferindo-se ir à procura de unanimismos (a lista dos convidados é bem prova disso).
Agnelo, continua a defender as suas ideias. O teu ponto de vista sobre a contratação docente é interessante, tendo a sua lógica, pelo que deveria ser alvo de debate. Infelizmente, parece que há quem prefira o pensamento único.

Ricardo disse...

Sei que há muito quem não concorde, mas uma escola é como qualquer outra instituição ou empresa: ou seja, é feito de e por quem lá está.

E ter de mostrar resultados quando não se pode escolher quem os vai obter é algo que me ultrapassa.

E não está apenas em causa a dedicação. É que muitas vezes essa dedicação está ao serviço de uma agenda pessoal. Nesses casos, o esforço está, mas o resultado nem sempre é o esperado.


mocho disse...

Se alguém tem agenda pessoal são precisamente muito directores directores ... que utilizam a escola como apêndice politico local.

Anónimo disse...

«É que “este” já cá trabalhou e com boa performance e os outros só aparecem agora, e só aparecem por não terem lugar na escola onde realmente queriam trabalhar!»
eu nao tive lugar este ano na minha escola, tive que ir para outra. E nao foi por nao trabalhar bem que tive que mudar. Foi pq o ME reduziu drasticamente as turmas/horarios.

Eu concordo com a tua ideia base mas é subjectiva na medida em que não obstante dar o litro ou não, depende dos Diectores se gostam ou não dos Colegas...

Bjs
Convidada

Anónimo disse...

Caro Agnelo,
Desde há algum tempo tenho acompanhado o seu blog. Deixe-me tecer alguns comentários. Conheço um personagem, Luís de seu nome, que vive algures na provincia e que em tempos remodelou o seu T3. Na altura contratou uns pedreiros que lhe tinham feito um preço jeitoso, e pelas referências que lhe foram dando, de outras obras que esses pedreiros tinham já feito anteriormente, lhe pareceu que seriam uma escolha acertada. Bem dito bem feito. O T3 ficou lindo de morrer. Paredes em total esquadria, pintura sem qualquer reparo, enfim um trabalho exemplar. Dois anos mais tarde, o nosso Luís decidiu fazer uma pequena vivenda bem juntinho ao rio Lima. Não se sabe muito bem porquê, permanece por enquanto um mistério, o nosso amigo Luis resolveu proceder a uma forma nova de recrutar o pessoal para a sua nova obra. Fez um concurso público, anunciando o tipo de obra que ia fazer e o que exigia como requisitos mínimos para a sua execução. Bem sabe caro Agnelo a crise que se faz sentir no domínio da construção civil. Surgiram inúmeros candidatos para a execução da obra. Estranhamente o nosso amigo Luís e a família (ainda permanece em segredo se para a escolha da família também seguiu os mesmos critérios)resolveu que os pedreiros a selecionar seriam aqueles que tinham mais anos de experiência. Graduou-os por anos de trabalho e ponto! Selecionou para a realização da sua obra aqueles que há mais tempo eram pedreiros, pintores, canalizadores...Quer saber o resultado amigo Agnelo? O amigo Luís ficou muito desapontado com os resultados. Não tinha previsto que os pedreiros que eram os mais velhos tinham sobretudo experiência na construção de casas de pedra. eram da Beira. Trabalho em tijolo era coisa a que não se ajeitavam. Os pintores escolhidos tinham toda a vida pintado com acrílicos, tinta de água era algo que não lhes dava prazer nem estavam muito habituados. E por aí adiante. A casinha junto ao rio ficou uma lástima. Que diferença relativamente ao seu "velhinho" T3. Pode-me perguntar Agnelo o que se passou pela cabeça do nosso amigo Luis para uma atitude destas? Uma qualquer bipolaridade? Ou uma outra qualquer disfunção momentânea? Pois, também ninguém sabe. Os vizinhos comentam que algo de mau lhe subiu à cabeça. Outros alvitram que afinal o homem pura e simplesmente não admite que outros possam fazer o seu trabalho tão bem ou melhor que ele. Outros ainda pensam apenas que é pura idiotice. Eu cá por mim tenho uma idéia. Mais tarde passarei por cá para lhe confidenciar qual. Com os melhores cumprimentos. PS. Também tenho uma casa que ando a construir há alguns anos e tenho tentado ter os melhores profissionais para a construirem. Se puder ter os melhores é isso que farei. É uma idiotice eu sei. Os melhores cumprimentos.

Agnelo Figueiredo disse...

Grande alegoria, sim senhor.
Apreciei.

Votos de boas escolhas.

fcferreira disse...

Excelente o último comentário... de uma simplicidade, de uma clareza... na mouche!

"Outros alvitram que afinal o homem pura e simplesmente não admite que outros possam fazer o seu trabalho tão bem ou melhor que ele."