Neste artigo, João Tilly dá-nos conta da sua preocupação pela “invasão do paralelo” nas nossas pequenas aldeias. O Azurara subscreve. A substituição da tradicional “calçada à portuguesa” pela “calçada à fiada”, vulgo “paralelo”, é, efectivamente, um crime. Mas é difícil de combater. As câmaras, só com imensa dificuldade conseguem evitá-lo. E porquê?
A resposta radica no “poder local”, mais concretamente nas Juntas de Freguesia. Durante anos, as JF's lutaram pela satisfação das necessidades básicas das populações. Foi o tempo, sobretudo, das redes de água, esgotos e electricidade. Esses tempos passaram. Hoje, rara é a aldeia que não disponha daquelas infraestruturas, pese embora, nas mais das vezes, não exista a necessária ETAR, mas antes uma grande “fossa” séptica. Mas o "povo" está satisfeito. Tem saneamento. Além disso, existe sede da Junta, sede da Associação Cultural, da Banda, do Rancho Folclórico, etc.
Por outro lado, em Portugal ainda não percebemos que há investimentos fundamentais que não se materializam em “obras”. Só para exemplo, a organização de um serviço de refeições e aproveitamento educativo de tempos livres das crianças é mais reprodutiva do que a maior parte das obras de cimento e tijolo. Mas, compreender isto leva tempo.
Ora, esta situação cria um problema “bicudo” para as JF's. “O que é que vamos apresentar no final do mandato?”. “Temos que mostrar obra!”. “O que vamos fazer?”
Assim, muitas JF's passaram a “inventar” necessidades. A substituição das calçadas é uma delas. O alargamento de “becos” é outra, e por aí fora. Mas, para mim, a mais emblemática é aquela do calcetamento (com paralelos) dos adros, saibrados, das igrejas! Credo!
E, como já disse, as Câmaras têm muita dificuldade em contrariar estas “justas aspirações” das populações.
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