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7 de fevereiro de 2005

Igreja Católica em campanha

Padre exorta fiéis a rejeitaram programas que defendam aborto.

Comunistas e bloquistas vituperam um padre católico por ter exortado “os fiéis que hoje assistiram à sua homilia a rejeitarem nas urnas os programas eleitorais que proponham a legalização do aborto ou a eutanásia”. Jerónimo de Sousa considerou "inaceitáveis" as palavras do padre, sublinhando que “a Igreja não deve fazer campanha”. Francisco Louça disse que já encontrou na sua campanha padres mais tolerantes.
Ora aqui está uma questão interessante. Vejamos:
O voto é um direito e um dever dos cidadãos. Na sociedade existem organizações religiosas (entre as quais estão as Igrejas) e organizações laicas (entre as quais estão os partidos políticos).
Pode pensar-se que apenas as organizações partidárias fazem “campanha”? Certamente que não. Toda e qualquer organização social faz a sua campanha. Os partidos propagandeiam as suas propostas, as associações alardeiam os seus interesses e as Igrejas difundem os seus valores.
Ora, há cidadãos que são simultaneamente crentes de uma ou outra Igreja. Os crentes não votam enquanto tal. Votam porque são cidadãos. Mas será possível, para cada um, fazer uma clara distinção entre uma condição e a outra? Não só me parede impossível como, a sê-lo, poderia acarretar graves contradições.
A Igreja Católica defende determinados valores que os crentes devem seguir. Um desses valores é o da vida, assim considerada desde o momento da concepção.
Será possível a um católico defender o aborto?
Não me parece mesmo nada!

Já agora, importa dizer que, pela minha parte, defendo que o aborto seja descriminalizado, mas recuso a ideia de que passe a ser acto médico praticado em unidades do Sistema Nacional de Saúde. De resto, parece-me que é esta última parte que move os bloquistas. Tanto quanto me lembro, não tem havido ninguém condenado pelo crime de aborto (pese embora a humilhação sofrida nos julgamentos).

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