Na área da Educação, uma das primeiras medidas tomadas pelo governo de José
Sócrates em 2005, foi, pela mão do Secretário de Estado Valter Lemos, publicar o Despacho 50/2005 para regulamentar os “planos de recuperação” dos alunos.
Tratou-se de um normativo marcado pela ideologia eduquesa com o objetivo de
conseguir o sucesso (estatístico) dos alunos à custa da desistência dos
professores frente a um trabalho burocrático insano - é melhor passar um aluno do que ter de lhe fazer um plano de recuperação.
Digo isto para enfatizar que a lógica dos planos de
recuperação foi servida por um despacho legal marcadamente intencional.
Para mais, para garantir o controlo ideológico do trabalho
nas escolas, o governo ordenou que a IGE desenvolvesse ações de fiscalização
coerciva. Todos nos lembramos das célebres “Inspeções ao Despacho 50” que flagelaram
as escolas portuguesas durante vários anos.
Acontece que o atual governo revogou o famigerado Despacho
50.
E, como resquício do eduquês, deixou apenas um simples artigo no
normativo – o Despacho Normativo 24-A/2012 – onde alude à elaboração de um Plano
de Acompanhamento Pedagógico Individual quando o aluno não
atinja os patamares considerados desejáveis, algo que qualquer professor sempre
fez, e faz, ainda que apenas oralmente, sempre que se depara com um aluno com
dificuldades.
Esta opção do governo deveria ter provocado justas
expressões de satisfação por parte dos professores. Trata-se, afinal, do fim da
subjugação à burocracia em favor da pedagogia.
Paradoxalmente, o que se lê nos “líderes” dos professores,
por exemplo aqui, é rigorosamente o contrário: a saudade dos “planos de
recuperação” e o gozo com os alegados futuros “PAPI” é que fazem as parangonas.
Esta esquerda radical, sobretudo quando "ferida de asa", é capaz de tudo.
Uma lástima!
PS:
Se vier a ser publicado algo de semelhante ao Desp. 50 para
regulamentar os PAPI, aqui darei a mão à palmatória.