Uma escola de Quarteira não serviu almoço a alguns alunos
cujos pais têm em dívida o pagamento do referido serviço.
O Ministro Nuno Crato, sentindo-se pressionado pela voz da
rua - é sempre uma lástima quando um governo se sente coagido pela rua -
apressou-se a mandar a IGEC à escola averiguar do sucedido.
Lamentável!
Com esta precipitação, Nuno Crato demonstra desconhecer como
funciona o serviço de refeições nas escolas portuguesas, o que não é bom.
E como é que funciona?
Pois bem, só existem problemas de falta de pagamento com crianças do
pré-escolar e do 1.º ciclo. É que a partir do 5.º ano, os alunos procedem à
aquisição diária da senha para a refeição. Logo, não há atrasos de pagamento.
Todavia, no pré e no 1.º ciclo, as coisas não são assim. Nestes escalões etários, o serviço de almoço não é, na imensa
maioria dos casos, organizado pelas escolas; o mais comum é ser da
responsabilidade da autarquia local - Câmara ou Junta de Freguesia -, em
segundo lugar surgem as associações de pais e só muito raramente - nem conheço
nenhum caso - será a própria escola.
Nestes casos, os alunos não compram a senha diariamente;
pagam ao fim do mês.
Ora, lá vem um mês em que, seja qual for a razão, que agora
não interessa, o pagamento não é feito. Contudo, por razões
humanitárias, o almoço não é cortado. A criança almoça na mesma e avisam-se os
pais. Mas lá vem mais um mês sem pagamento e depois outro, e a coisa vai somando...
Como cada almoço custa 1,46€ (para alunos sem qualquer subsídio), ao fim do mês são cerca de 30€; ao fim de 3 meses, já são 90€. E a dívida vai
aumentando... Repare-se que, se um pai nunca tiver pago - situação não tão rara quanto isso - ao fim de 3 anos deve quase mil euros!!!
Às tantas, quando a autarquia percebe que o calote geral já
chega a dezenas de milhar de euros, as campainhas desatam a tocar. Nessa
altura, lá segue mais um ultimato para os pais incumpridores e segue a ordem para a escola:
"Não servir almoço a Fulano, Sicrano, Beltrano...". E a escola, obviamente, cumpre...
Então, logo no dia seguinte, sai a notícia no Correio da Manhã e na TVI.
É assim e Nuno Crato devia sabê-lo. Não devia precisar de enviar qualquer inspetor.
No meu agrupamento de escolas também há casos destes. Há-os e
há muitos anos. A Câmara fala em cerca de 30 mil euros. De resto, não concordo nada que se culpe a crise. As dívidas dos almoços já existem há muitos anos. E mais: na esmagadora maioria
dos casos, os calotes surgem por negligência ou parasitismo e não por pobreza..
5 comentários:
O meu mais novo, com 10 anos na primeira semana de aulas do 5º ano, não o deixaram almoçar porque ele esquecera carregar o cartão com 5 € e não podia pagar na cantina com dinheiro. E tinha a nota com ele. Não almoçou nesse dia.
Na época não faltou a esquerdalha ranhosa a dizer que a culpa era minha, que eu, como pai é que deveria ter carregado o cartão, blá, blá.
Agora, a caloteira do algarve até mereceu iniciativa ministerial.
E é caloteira, porque podia pagar. Aliás, foi pagar logo a correr.
è por isso que eu sou anti-esquerda, não tanto por ser "de direita", mas num reflexo psicológico análogo ao anti-benfiquismo. Está em causa a irracionalidade, o disparate e a estupidez humana na sua forma mais alarve.A igualdade só interessa quando são eles que estão abaixo. Se são eles que estão acima, é a vida.
«Está em causa a irracionalidade, o disparate e a estupidez humana na sua forma mais alarve»
Que ideia irracional, disparatada, fascista mesmo!
Esqueceste-te de comentar o essencial : "A igualdade só interessa quando são os esquerdistas a estar abaixo. Se são eles que estão acima, é a vida."
Exige-se bom senso por parte de muitas direções de escolas.
Bom senso, sim. Mas... quem paga?
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