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30 de março de 2005

Inglês no Básico (II)

Em resposta ao meu artigo anterior, veio o meu amigo Mocho dizer que "Além do mais é preciso formar professores. O recurso ao 2º ciclo será transitório certamente".
Acontece que eu nem sequer tinha pensado nesta hipótese. Parti do princípio que, estando todas as escolas primárias integradas em agrupamentos, a nova disciplina de Inglês, opcional, seria leccionada por professores de Inglês de cada agrupamento, naquilo que seria uma razoável gestão de recursos. Afinal não é nada assim. Eu sou um ingénuo! Afinal é preciso formar professores novos. Professores que estejam especialmente habilitados para ensinar Inglês aos alunos dos 3º e 4º anos. Professores especialistas ao nível do 1º Ciclo.
Ora, como se perceberá, rapidamente se seguirão professores especialistas em Matemática, em Português, em Ciências Sociais, etc. Vamos acabar com a monodocência no 1º Ciclo, o que acarretará a estanqueceidade das matérias, a atomização do conhecimento e o aumento da dificuldade em aprender.
Bem sei que é isto que querem as Federações dos Sindicatos. É que aumentarão, e muito, o universo dos seus potenciais associados. Só que, este é, exactamente, o caminho contrário ao que deveríamos trilhar.
O conhecimento é uno e apreende-se do global para o específico. Não se pode começar por aprender a célula para depois compreender o corpo humano. É ao contrário. Por isso, deveríamos manter a unidade do conhecimento até mais tarde. Isto é, no 2º Ciclo deveríamos diminuir o número de professores por turma. Apostar em professores generalistas, o que, para o nível dos conteúdos exigidos até ao 6º ano, é perfeitamente compatível com os professores que já temos no sistema.
Já não seria mau que os professores do 2º Ciclo leccionassem as Áreas Disciplinares para as quais estão habilitados. Se o professor de Matemática também ensinasse Ciências e o de Português também ensinasse História, como está previsto na Lei, já não seria muito mau. Infelizmente não acontece assim (pelo menos na maioria das nossas escolas) e, pior ainda, agora quer-se alargar esta perversidade ao 1º Ciclo.
Os resultados serão devastadores!

PS. A diminuição do número de turmas por professor, aumentando o número de horas que o professor leccionasse em cada turma, também traria evidentes benefícios para os próprios professores.

2 comentários:

BlueShell disse...

PRONTOSSSS...já lá está o conto...irra!!!
Jinhos mil, BShell

Anónimo disse...

Para ti é tudo devastador.....
Quando tiveres professores nas escolas e lhes disseres : agora vai dar 3 horinhas em 8 escolas do concelho.. pega no carrinho e ponha-se a andar de um lado para o outro. e depressinha... eles depois dizem-te.
não sei qual é a solução mas não será trágica certamente. aliás para mim nem devia existir inglês.
mas sabes muito bem que essa coisa do professor de aritmética do 1ºano e o de português do 3º ano... nem seria coisa nova. sindicatos e governo anterior andaram por lá.
é evidente que a solução terá que ser encontrada a nível da lei de bases e da definição dos ciclos.
mocho