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24 de março de 2005

Negar o futuro

Uma das bandeiras recorrentemente agitadas pelos sindicatos de professores portugueses é a da autonomia e da descentralização. É vulgar ouvir sindicalistas justificarem a fraca prestação das escolas com o controlo omnipresente do Estado. De acordo com estes "especialistas", a escola, ou melhor ainda, a "comunidade educativa" deveria ser capaz de se autodeterminar e gozar o caminho a trilhar na busca de maior eficiência.
Todavia, cedo se percebeu que a conversa da "comunidade educativa" era uma treta. Se não ainda antes, logo em 1998 se desmascararam, quando conseguiram alterar a proposta do RAAG (da autoria de João Barroso) assegurando que o presidente da Assembleia de Escola teria de ser professor e que estes teriam de estar representados, pelo menos, em paridade. Ou seja, "roubaram" a Assembleia à comunidade, esvaziando-a. Isto é, restringiram a comunidade aos limites dos muros da escola, aos professores. Pior ainda: a comunidade só interessa na mdedida em que "sirva" a escola, em vez de, como deveria acontecer, a escola servir a comunidade.
De 98 para cá, assistimos em Portugal a um movimento absolutamente inédito - a expansão da rede de educação pré-escolar. Inédito na medida em que se efectuou ao arrepio da administração central. Foram as Câmaras municipais que construíram e adaptaram espaços e que decidiram onde abrir JI's. O Ministério limitou-se a assegurar o pagamento das Educadoras (que me desculpem os Educadores). Mesmo no que concerne à oferta de componentes não lectivas - almoço, ocupação de tempos livres e prolongamento dos horários de funcionamento - a iniciativa esteve sempre com as câmaras e, diga-se, com a oposição dos sindicatos. Tratou-se, contudo, de uma verdadeira descentralização: a deslocação do centro de decisão para a comunidade. E os resultados estão aí à vista de todos. Por todo o País, os JI's da rede pública oferecem horários entre as 8H00 e as 18H00, quando não ainda mais, mantêm-se em funcionamento durante as "interrupções" (Natal, Carnaval, Páscoa, e Junho/Julho), servem refeições e oferecem actividades diversificadas. A título de exemplo, aqui nestas Terras de Azurara, as crianças de 4 e 5 anos vão, todas, da cidade e das aldeias, à piscina. Claro que as Educadoras trabalham apenas 5 horas por dia. Durante o resto do tempo as crianças são enquadradas por pessoal auxiliar, pago pelas câmaras, as quais recebem pequenos subsídios do ME e comparticipações das famílias, de acordo com as respectivas capitações. Mas, apesar de tudo, o balanço é francamente positivo. Este deverá ser o nível de escolaridade (?) que mais terá progredido no sentido de prestar um serviço à comunidade. No fundo, estas escolas "são" da comunidade, como deveriam ser todas.

Agora leia-se esta reivindicação:
A Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL) diz que a tutela dos estabelecimentos de ensino para a infância e pré-escolar deveria passar, de forma faseada, das autarquias para o Ministério da Educação.
E esta:
Na moção hoje aprovada nos plenários, os educadores defendem que um calendário escolar diferente é uma atitude discriminatória e desajustada num contexto de agrupamentos de escolas.Os educadores esperam agora que o novo Governo altere esta situação, disse Maria do Céu Silva, dirigente da Fenprof. Caso não o faça estão dispostos a avançar para formas de luta, acrescentou.

Sindicatos...

4 comentários:

Estrela do mar disse...

...Azurara...vim desejar-te uma Páscoa muito feliz...
Um beijinho*.

P.S. Esta melodia...é divinal...estou aqui "presa" há algum tempo a ouvi-la.Muito bom gosto.

Anónimo disse...

Vinha aqui mandar-te umas bocas. Nem tudo são flores no mundo da educação pré-escolar. Confundes comunidade com câmaras.. mas pronto. Mas fiquei "desarmado" com o comentário da estrela do mar ......
boa páscoa e vê lá se votas no teu secretário. Ah pois bossês não botam....
mocho

Agnelo Figueiredo disse...

"Confundes comunidade com câmaras"
Mocho, não existe nada que se possa chamar "comunidade educativa". Isso é uma invenção bacoca daqueles alucinados das "ciências" da educação. O que há é uma comunidade que tem a "sua" escola, como tem o "seu" quartel de bombeiros, o "seu" centro de saúde, e por aí fora.
O município é uma comunidade organizada e a câmara é o órgão de governo dessa comunidade.
Não há confusão nenhuma.
Ou melhor, a confusão existe por parte daqueles que, de facto, não querem assumir a responsabilidade da descentralização e da autonomia.

E, Páscoa Feliz.

Anónimo disse...

mas a câmara é um orgão politico e sobretudo partidário. logo não pode ser o órgão fundamental da gestão de escolas. Para ti será o único órgão . eu acho que não.
Ter o poder sobre as escolas apesa de todos os problemas que isso acarreta é apetecível para as câmaras. Apesar do trabalho. Dá para fazer muita pressão sobre as localidades, para muitas jogadas de apoio e /ou de falta dele..... Câmaras sim mas com limites... muitos limites..
Imagina certos presidentes da câmara - de todos os partidos-a ter o poder total sobre o sistema de ensino da sua zona...
Então já botastes no mendes ou seguindo a tua linha de apoio ao radicalismo e a PSL já botaste no homem de Gaia?
Mocho- contente por ser FERIADO e desejando uma boa páscoa