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9 de junho de 2005

Incêndios de Verão

É o mesmo desatino todos os anos. Tudo arde!
Embora fazendo o discurso da catástrofe, da tragédia, do prejuízo económico e ambiental, ninguém está verdadeiramente preocupado com o que arde.
A coisa é de tal forma que o fogo se transformou num negócio. Ao que parece, um bom negócio. Todos parecem lucrar com o fogo. As empresas que alugam materiais e equipamentos (p.e. meios aéreos), as que o vendem (p.e. viaturas, comunicações, dispositivos diversos), media (que "vendem" notícias), e até mesmo as próprias corporações.
Não vou aqui dizer que há alguém interessado no fogo. Não sei. Mas que há quem ganhe muito dinheiro com o fogo, lá isso há.
Também há quem perca. Os proprietários, quando o que arde tem valor (já não há muita coisa com valor ainda não ardida) e os portugueses todos (que pagam os fogos com o seu dinheiros dos impostos). E há, para além disto e obviamente, prejuízos ambientais.
Não sou nenhum especialista em fogos, em combate aos fogos ou em prevenção dos fogos. Todavia, parece-me evidente que, não existindo uma razão única para este fenómeno dos incêndios florestais razão de fundo, a principal residirá na falta de limpeza das "matas". O nosso nível de vida subiu muito e, hoje, praticamente ninguém utiliza os "matos" para aquecimento ou para fertilizantes. Por outro lado, o custo da mão-de-obra também subiu extraordinariamente, de tal modo que se mostra insustentável mandar limpar as matas. De resto, há milhares e milhares de hectares de floresta votados totalmente ao abandono, cujos proprietários, muitas vezes, residem longe, que, por razões legais, não podem ser limpos por terceiros.
Bem sei que há linhas de subsídios para limpeza de matas. Mas, em Portugal, atribuir subsídios não funciona. A malta recebe a massa e "faz que faz".
É tempo de acabar com isto!
É tempo de transformar a prevenção num negócio tão rentável quanto o do combate!
Três medidas muito simples e complementares:
1) Comprar os produtos resultantes da limpeza da floresta, pagando bem, muito bem, o quilograma (a tonelada);
2) Colocar brigadas a fiscalizar a limpeza;
3) Aplicar coimas pesadas a quem, recusando o dinheiro da venda, mantenha as suas matas ao abandono.

Isto é muito simples.
Mesmo que gastemos o mesmo que no combate (muitos milhões de euros) teríamos a vantagem de manter a floresta.

Senhor Primeiro-Ministro, o senhor que anda, embora a reboque, a disparar em todas as direcções, dispare também para aqui.

4 comentários:

Elise disse...

Que tal mão de obra ali da prisão de Custóias?

Anónimo disse...

Acredito no mercado livre. Mas em questões ambientais, agrícolas e rurais, sou protecionista.

A valorização da madeira para indústria que temos no nosso país, depende da limitação das importações. Com a valorização da madeira - mesmo que o papel fique mais caro - os proprietários já cuidam dos pinhais e eucaliptais. Ao preço que pagam o ester de eucalipto não se justifica passar por lá, sequer, com frequência inferior a dez anos. E se ardeu, paciência. A perda também não foi muito grande. Mas se a propriedade significar um valor apreciável, vamos lá todos os fins de semana arrancar os tojos. Até fazemos pic nics com os miúdos.

Agnelo Figueiredo disse...

É isso mesmo.
Transformar em negócio.
Azurara

Anónimo disse...

Existe um projecto piloto que está a ser levado a cabo pelo estabelecimento prisional de S. Pedro do Sul!
Os reclusos deixam as quatro paredes da prisão e andam a limpar o mato sendo remunerados por isso!

É uma ideia!