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14 de junho de 2005

Cunhal e Lúcia de Fátima

Escrevi isto há pouco, num comentário a um comentário da Cat a este post. Contudo, achei relevante dar-lhe o relevo de um post autónomo.
Disse a Cat:
"Depois do vergonhoso luto nacional após a morte da irmã Lúcia, tudo vale!"
Ora bem:
Não aplaudi o luto nacional pela Irmã Lúcia. Estou, portanto, particularmente à vontade para falar sobre ele. E para dizer que é absolutamente ilegítima qualquer comparação entra uma (Lúcia), e outro (Cunhal). Lúcia não fez nada de mal a Portugal. Assumiu, discretamente, em clausura até, a sua condição de vidente sobrevivente. Não tomou qualquer medida, não escreveu livros, não fez doutrina, não fez discursos. Apenas viveu! Mas vivendo, Lúcia foi, para uma significativa maioria de portugueses (não vale a pena negá-lo), um símbolo, e mais do isso, um exemplo de Fé. Fé que não "faz" a unanimidade em Portugal, mas que é esmagadoramente maioritária. E para essa imensa maioria, Lúcia foi importante.
Decorre daqui a minha ideia de que o luto, embora não consensual, tenha sido compreensível. O "povo" gostava dela, e ela não fez mal nenhum. Lembremo-nos, só como exemplo, de Amália Rodrigues. Todos adoramos o seu fado? E houve luto? Então?

Quanto a Cunhal, não digo mais. A História nunca lhe perdoará.

7 comentários:

Anónimo disse...

Sulista,

Para Hitler defender a democracia e a liberdade significava livrar-se do povo judeu que oprimia, financeiramente, as aspirações do povo alemão na miséria.
À sua maneira, o que eu condeno veementemente, ele pugnou pela liberdade do seu povo.
A Cunhal nunca foi dada a mesma oportunidade, felizmente, e pode dizer-se que é isso que os distingue. Cunhal no poder teria sido pior que Hitler :-)

Anónimo disse...

Amiga Sulista,

Não leve a mal, mas o PC teve alguns governos por interposta pessoa.Pelo menos todos os de Vasco Gonçalves.

E perseguiram e agrediram pelo menos um estudante de 15/16 anos que eu conheço muito bem que tinha a língua comprida e achava que a liberdade de expressão passava por afirmar em voz alta que a democracia e a liberdade eram incompatíveis com a prática sectária, persecutória e unitária comunista da época.

Porque já percebi que esta assunto lhe é pessoalmente doloroso, nunca me atreverei a dizer-lhe o que penso da personalidade em causa. Mas permita-me um pequeno desabafo que não será certamente ofensivo: O Senhor em causa estava longe de ser um santo.

cat disse...

Bem, não vou entrar em grandes discussões que há por aqui muita gente que conhece a nossa história recente bem melhor que eu... Não tenho simpatias partidárias e não costumo emitir opiniões sem fundamentos que se vejam.
O que acho é que se tem vindo a banalizar o uso do luto nacional. E reitero a minha opinião acerca da irmã Lúcia. Primeiro: o estado é laico. Segundo: a senhora nunca prestou qualquer espécie de serviço ao país. Se foi importante para o povo católico, seria a esse nível que as homenagens se deveriam ter cingido.
Não acho, de todo, que tenha sido um luto compreensível. Opiniões...

Anónimo disse...

Caro cat,
Apesar de católico também não senti qualquer vantagem especial com o luto oficial pela Irmã Lúcia. Mais, interpretei-o no quadro da bajulação da Igreja Católica. Como agora se está a bajular o PC.
Aliás o fenómeno de Fátima - diga-se assim para se ser abrangente sem melindrar ninguém - não é lido de forma unitária dentro da Igreja.
A vida da Irmã Lúcia não é sentida com a mesma forma por todos os católicos, pese embora a intensidade acrescida que a recente legitimação papal veio conferir áquele específico culto.

(Tá a ver amiga sulista, porque eu de vez enquando levo nas trombas ? Não sei estar calado e meto-me sempre em assuntos complicados...)

Agnelo Figueiredo disse...

Disse muito bem a Cat:
"...a senhora [Lúcia] nunca prestou qualquer espécie de serviço ao país. Se foi importante para o povo católico, seria a esse nível que as homenagens se deveriam ter cingido"
Acertou plenamente.
As diferenças são:
1) Cunhal prestou serviços aos País, só que foram PÉSSIMOS. Ainda hoje estamos a suportar os custos daquilo que provocou;
2) Se foi importante para os comunistas, as homenagens deveriam ter sido prestadas por eles.
Apareça sempre.
Azurara

cat disse...

Ora aí está... Em algum dos meus comentários eu disse que concordava com este luto a Cunhal?

Agnelo Figueiredo disse...

Não Cat. Nunca disse. É verdade!
Eu reagi pelo paralelo Que estabeleceu com o luto pela Lúcia de Fátima.
Cumprimentos
Azurara