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28 de janeiro de 2005

Escola e Qualificação

Portugal mantém a mais baixa taxa de produtividade do trabalho de toda a União Europeia (UE) e a mais alta de abandono escolar, um dos piores níveis de qualificação profissional e um dos mais elevados riscos de pobreza e de exclusão social.

Muito bem. É verdade.
E o que é que pretendem fazer para inverter este estado de coisas?
Aumentar a escolaridade obrigatória para 18 anos. Bem sei.
Só que há nisto um problema que importa solucionar. É que aumentar a escolaridade não conduz, só por si, ao aumento da qualificação profissional. Conduzirá, quando muito, ao aumento da literacia, se bem que isto não seja líquido.
Para atingir tal desiderato é preciso coragem para romper com os tabus igualitaristas que têm minado a nossa sociedade desde há 30 anos. É preciso, sim senhor, tornar obrigatória a frequência do Ensino Secundário, mas é fundamental que este ofereça dois (pelo menos)percursos completamente distintos. Um, vocacionado para o ingresso no ensino suoerior, logo não profissionalmente qualificante. Outro, que se esqueça do superior e aposte na formação profissional. Dois percursos distintos, autónomos e não permeáveis. O tronco comum, visando a aquisição de competências estruturantes de uma cidadania responsável, apenas deve existir, e bem, no ensino básico, isto é, até ao 9º ano. É aquilo se chama escolaridade básica. A partir daqui os percursos devem ser independentes. Ora isto não acontece hoje.

Vejamos: a um jovem que termina o 9º ano, que percursos escolares são propostos?
  • Na esmagadora maioria das escolas, cursos académicos (científico-humanísticos) visando o ingresso no superior;
  • Em algumas escolas, cursos tecnológicos, marcados por uma confrangedora ambiguidade quanto às suas finalidades;
  • Numa minoria de escolas, os poucos cursos profissionais homologados e autorizados pelo Ministério.
A oferta pública é complementada com os cursos das escolas profissionais, embora estas, por limitações de carácter geográfico, não se constituam como verdadeira alternativa.

Assim, ao nosso jovem, normalmente, restará a opção por um percurso académico, para o qual, não raras vezes, não estará devidamente preparado (não vou aqui dizer porquê). E então o que lhe acontece? É insucedido e abandona (40%).
Ora, quando não lhe for permitido abandonar, porque tem de frequentar até aos 18 anos, o que lhe irá suceder? Resposta: nada! Vai arrastar-se até à idade limite. Ou melhor, não vai. O que, a médio prazo, irá acontecer é aquilo que já aconteceu no 3º ciclo. Os patamares de exigência irão baixar. O nivelamento far-se-á por baixo. Cairemos no facilitismo. E, finalmente, daremos diplomas do 12º ano a completos ignorantes.
Tudo isto são coisas que já vimos acontecer. Hoje, damos o diploma do 9º ano a jovens que mal sabem ler. Amanhã, fá-lo-emos no 12º ano.

Com isto, criaremos uma legião de ignorantes desqualificados!
Assim, urge romper com os paradigmas igualitaristas. Criem-se vias alternativas, autónomas, independentes e impermeáveis no Ensino Secundário. Dê-se oportunidade aos menos bem preparados, sem comprometer o sucesso dos outros.
Ainda estamos a tempo.

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